Rejane Pivetta
É professora de Literatura Brasileira da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Desenvolve pesquisa sobre manifestações literárias e culturais contemporâneas ligadas à emergência das produções marginais e periféricas, suas repercussões críticas e teóricas no campo dos estudos literários. Dedica-se ainda ao estudo das representações da ditadura na literatura brasileira contemporânea, enfatizando as articulações entre o ético, o estético e o político.
Contato: pivetta.rejane@gmail.com
Projeto de pesquisa
Vanguarda e periferia: deslocamentos antropofágicos na literatura brasileira contemporânea
Estudo das articulações entre o literário e o cultural, tomando como objeto de análise o fenômeno da literatura marginal periférica, que emerge no sistema literário brasileiro contemporâneo como movimento em confrontação à tradição canônica da literatura, todavia apropriada como elemento de legitimação devoradora. Os modos como os escritores da periferia, aqui referida especificamente à cidade de São Paulo, entram em cena e instituem suas plataformas são analisados em dois momentos principais: a) no marco inaugural do movimento, em 2001, quando da publicação do Manifesto intitulado “Terrorismo Literário”, assinado por Ferréz, na edição especial da Revista Caros Amigos; b) quando do lançamento, em 2007, do “Manifesto da Antropofagia Periférica” e da Semana de Arte Moderna da Periferia, a cargo de Sérgio Vaz. Os atos de instituição da literatura marginal periférica deixam evidentes articulações com as vanguardas e o modernismo brasileiro de 1922, haja vista o recurso aos manifestos; a proposta de revisão crítica da tradição cultural brasileira; a reconfiguração das relações entre literatura e sociedade. Diante disso, cabe indagar como esses autores apropriam-se da experiência modernista, de que maneira sua atuação no campo intelectual responde às exigências de pensar a cultura brasileira nas condições históricas do presente e que configurações estéticas assume essa literatura, em suas formas e repertórios. Em síntese, esta pesquisa tem como objetivo investigar o projeto da literatura marginal, tendo em vista a discussão do conceito de antropofagia, a partir dos manifestos e da obra ensaística de Oswald de Andrade e de seus desdobramentos críticos posteriores. Assume-se a hipótese de que o movimento da literatura marginal periférica opera deslocamentos literários e culturais a partir do princípio da “devoração antropofágica”, analisado na perspectiva de uma interpretação cultural descentrada, que confere novo locus à palavra literária.
Textos
Heterotopias da escrita e deslocamentos do literário
Deslocamentos antropofágicos na literatura marginal periférica
Oswald de Andrade e a antropofagia na crítica formativa de Antonio Candido
A leitura de narrativas sobre a ditadura na recepção de leitores juvenis
Literatura e ética: notas para um diálogo que não se acaba
Literatura e sarau: implicações políticas
A literatura e o comum: elementos para uma crítica política
Performances da escrita na narrativa contemporânea: a voz do outro em “Totonha”, de Marcelino Freire
Favoritos do público: uma análise das práticas de leitura da comunidade virtual Skoob
A literatura em tempos sombrios: ética, estética e política em Desonra, de J. M. Coetzee
Marginalidade e resistência em Deus foi almoçar, de Ferréz
Alessandro Buzo e o engajamento literário da periferia
Literatura como ferramenta para pensar e intervir no mundo
A igualdade da lei e a diferença da literatura: a narrativa marginal de Ferréz
Literatura marginal: questionamentos à teoria literária